AÇÕES AFIRMATIVAS – Indígenas formadas em Pedagogia pela UNISANTOS lembram da experiência universitária

Márcia (sentada) durante apresentação de trabalho em grupo

“Que Nhanderu (Deus) continue me dando sabedoria e todo o conhecimento e aprendizado que eu adquiri na Universidade. Vou compartilhar com meus parentes nhombo’ea (professores)”. Assim, a indígena Márcia Djatsy-Tatá expressa a sua gratidão por ter concluído o curso de Pedagogia da UNISANTOS, em 2022. Da aldeia Itaóca, de Mongaguá, ela faz parte de um grupo de indígenas que ingressou na instituição no ano de 2019, por conta de um convênio inédito que envolve a Universidade, as diretorias de ensino da região, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Diocese de Santos.

 

Márcia, no ingresso em 2019

Ela conta que era cacique e na ausência de professor na aldeia, em 2015, a própria comunidade a indicou para alfabetizar as crianças. Quando surgiu a oportunidade de qualificação na UNISANTOS, não pensou duas vezes e decidiu que o seu caminho era a pedagogia. “Confesso. Não imaginava que seria tão prazeroso, acolhedor e com tantas emoções e momentos inesquecíveis”, diz a indígena ao recordar o convívio na Universidade.

 

PERSEVERANÇA – Apesar de pertencer à aldeia de Mongaguá, a pedagoga Márcia atua na EEI Aldeia Piaçaquera, em Peruíbe, desde 2017. Ela lembra que durante os estudos a “correria” era grande e os desafios eram enfrentados com a compreensão dos professores que nunca ignoraram a sua cultura, dando oportunidades para se expressar a partir dos seus conhecimentos. Para os novos estudantes indígenas que ingressaram neste ano, ela deixa uma mensagem: “dificuldades e obstáculos irão surgir ao longo dessa caminhada, mas nunca pensem em desistir, pois no final será um momento único, inesquecível, emocionante, pois cada passo será para a vida toda”.

 

Maísa Dias Gomes, a Kunhã Nimirindjú

OCUPAR ESPAÇOS – Da aldeia Bananal, de Peruíbe, Maísa Dias Gomes, a Kunhã Nimirindjú, também é recém-formada em Pedagogia pela UNISANTOS. Depois de fazer estágio, agora se prepara para um concurso público, pois pretende seguir na docência seguir nos estudos em nível de pós-graduação.

 

Assim como Márcia Djatsy-Tatá, Maísa optou pela pedagogia por conta da carência de professores formados atuando nas escolas indígenas. Lembra do ótimo convívio na Universidade, das amizades construídas e dos professores que estavam sempre dispostos a ajudar. “A convivência com novas pessoas me fez perder o medo e a vergonha de falar em público, além da oportunidade de me expressar e mostrar minha cultura para aqueles que não a conheciam”, explica.

 

Para os indígenas ingressantes, ela aconselha procurar sempre a ajuda de colegas e dos docentes, caso surjam dificuldades.  “Fiquei muito feliz que esse ano abriram vaga para novos cursos e não só para licenciaturas.  Ano que vem, se tiver a oportunidade, pretendo entrar em um novo curso”, diz.

 

Maísa acredita que os indígenas estão cada vez mais conquistando espaços e que a criação do Ministério dos Povos Indígenas pode contribuir para que todos possam ocupar cargos importantes, dentro ou fora das aldeias, mostrando que são capazes de exercer qualquer profissão.

 

*Fotos: Divulgação

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