PLÁSTICA – Estudantes de Arquitetura e Urbanismo apresentam intervenções críticas para despertar a atenção sobre a realidade de cidades da Baixada Santista

Travessia no Canal do Porto
Leitura urbana na estação
Confecção do mapa com objetos
Professoras Viviane e Kelly

Tudo começou a partir de uma leitura urbana e coleta de materiais, com foco na travessia de catraias entre Santos e Vicente de Carvalho. A partir daí a criatividade e a expressão criaram formas e sensações, de um jeito diferente, para despertar a atenção sobre a realidade da nossa região. Com o uso de diferentes materiais, os estudantes do 5º semestre de Arquitetura e Urbanismo fizeram intervenções no Campus Dom Idílio José Soares, apresentando, de forma crítica, questões relacionadas ao refúgio, ao uso excessivo de plástico, à pesca artesanal e à topografia da Orla da Praia, entre outras.

 

O projeto, realizado ao longo do semestre, foi desenvolvido na disciplina “Plástica”. A turma do período da manhã, sob a responsabilidade da professora doutora Kelly Yumi Yamashita e da professora mestre Viviane Andrade de Sá, iniciou o trabalho com a construção de um mapa a partir de pedaços de objetos que encontraram no entorno da travessia de catraias. A proposta era fazer uma leitura mais poética, mas crítica, tentando encontrar aspectos da cidade que muitas vezes estão invisíveis. “Eles passaram a estudar as duas regiões, a questão da intervenção, o próprio impacto do porto em algumas populações tradicionais dos bairros das duas cidades”, explicou a professora Viviane Sá.

 

PlastiFicção: crítica às embalagens plásticas

Refeição (in)digestível e PlastiFicção

Com uma crítica ao uso de plástico, tanto nos alimentos quanto nas embalagens, os estudantes Ana Clara Serruya, Felipe Arena, Fernanda Damasceno, Gabriel Teixeira Coelho de Vasconcelos, Lara Blank Pisteli Nogueira e Ludmila Lopes Duarte criaram as intervenções “Refeição (in)digestível” e “PlastiFicção”.

Refeição (in)digestível

A primeira peça foi a criação de uma mesa com alguns pratos de comida que foram feitos com resíduos. Inspirados em imagens da internet, os estudantes buscaram refletir sobre como os animais marinhos confundem o plástico descartado de forma errada com comida e acabam ingerindo esses materiais.

 

Na segunda, eles criaram uma gôndola de supermercado feita de madeira com produtos em embalagens de plásticos, trazendo informações de que, mesmo o alimento não tendo plástico ou algum material nocivo, o fato de ele estar em uma embalagem com um material impróprio para o consumo já pode contaminar o ser humano. Um exemplo é a água engarrafada, que mesmo não tendo nenhum aditivo, o plástico solta resíduos dentro do líquido.

 

Intervenção na fonte na entrada do Campus

Onde a rede já não pega peixe

Com o projeto “Onde a rede já não pega peixe”, as estudantes Esther Rodrigues Gonzaga da Costa, Nicole Andrade Santos e Thaís Correia, retrataram o avanço do Porto de Santos nas terras dos povos tradicionais da região, como os caiçaras e indígenas.

Construída com isopor, E.V.A, papelão e linha de lã, o objeto central era uma representação de um contêiner, colocado dentro da fonte, na entrada do Campus Dom Idílio. Em volta, pedaços de papelão foram colocados juntos representando as comunidades que são invadidas pela atividade portuária

 

Topografia do abandono
Raízes do Refúgio

Topografia do abandono

O grupo, formado pelos estudantes Amanda Wendler Fernandes, Thamiris dos Santos Fernandes, Vitórya Eloisa Silva Brito e Victor Costa dos Santos, utilizou tijolos, pedras, areia, papel e fita kraft para a criação da peça “Topografia do abandono”. No formato de Santos, a obra teve como objetivo mostrar as diferenças entre algumas localidades da cidade. Os tijolos representaram os prédios da Orla, as pedras simbolizaram as casas nas áreas intermediárias e uma mistura dos materiais representou o Centro, lugar que necessita de mais cuidados e atenção.

 

Raízes de Refúgio

Fazendo alusão ao sufocamento causado por prédios, o projeto “Raízes de Refúgio” consistiu em uma barraca feita por flores artificiais e naturais, ramos de folhas artificiais e verdadeiras e uma cabana de tecido sintético, que simbolizava um “lugar seguro”.

As estudantes Maria Eduarda Silva de Oliveira, Mariana Bianchi Cabral, Wanessa Andrade da Silva e Yasmin Ruas Souza posicionaram a intervenção entre o prédio dos laboratórios e o prédio de salas de aula, para ajudar na concepção de sufocamento. Além da ideia de supressão, o projeto teve como objetivo mostrar que a natureza se mantém viva mesmo em meio ao número crescente de construções feitas pelo homem.

 

Linhas que impedem o caminho

Linhas que impedem o caminho

Utilizando fitas zebradas para simular um caminho com obstáculos, o grupo formado por Bruna Patrícia de Andrade Mariano Santos, Beatriz Glerean, Luís Felipe Nogueira de Souza Silva, Manuela Diniz e Mirele Corrêa, simbolizou as dificuldades enfrentadas pelos refugiados em suas jornadas. Ao entrar na sala, o público pôde ser desafiado a atravessar as fitas, que representaram as barreiras físicas e emocionais dessas pessoas.

Em “Linhas que impedem o caminho” foi possível encontrar meias, pedaços de roupas, sapatos e até brinquedos, já que muitas crianças passam por essa situação. No fim do percurso cartas escritas por refugiados eram encontradas, relatando um pouco de suas dificuldades.

 

Loja de inconveniência

Loja de Inconveniência 

O projeto “Loja de Inconveniência”, criado por Julia Carrara Varelas, Maria Julia Gonçalves Mello e Igor Hernandes, foi uma exposição artística que nasceu a partir de uma intervenção anterior feita na Catraia de Santos. Na ocasião, os alunos coletaram resíduos diversos como alimentos, roupas e embalagens. Reunidos por semelhanças conceituais, eles desenvolveram uma loja fictícia onde nada é feito para ser desejado. Com foco inicial em alimentos, a gôndola apresentou embalagens idênticas as reais, mas com mensagens críticas sobre problemas sociais e históricos.

Chocolates de isopor texturizados, embalagens feitas com papel fotográfico e materiais reciclados, como caixotes de madeira, alumínio e panos, fizeram parte da instalação.

 

Pertenço, logo existo

Pertenço, logo existo

Com as paredes revestidas de papelão de construção, desenhos de caneta Posca branca e luzes de LED no chão, o projeto “Pertenço, logo existo” convidou os estudantes a interagir com uma versão reduzida do ateliê, o espaço considerado o coração do curso. A intervenção foi criada por Alicia Bastos, Amanda Pacheco, Ana Carolina Andalaft, Camile Santoro, Karina Ramos e Vitória Caroline Souza com o objetivo de estimular o sentimento de pertencimento entre os alunos.

Ao incentivar que todos desenhassem nas paredes, como já acontece espontaneamente no ateliê, o projeto transformou a instalação em um espaço coletivo de expressão e memória, acolhendo especialmente aqueles que ainda não se sentiam parte da comunidade acadêmica.

 

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