O projeto “Tertúlias Portugal – Brasil: Momentos de Conhecimento sobre a História que nos une” chegou a sua 100ª edição. Para comemorar o feito, o programa especial, no dia 12 de abril, discutiu a história da Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, e foi marcado pelo lançamento oficial do jogo “Crônicas da Barra Grande”, desenvolvido pelo grupo de pesquisa da UNISANTOS “Patrimônio e Pertencimento”.
O jogo, uma ferramenta de engajamento e difusão de valores patrimoniais e de reconhecimento por parte do homem comum da paisagem histórico-cultural, surgiu a partir do trabalho que o grupo, sob a liderança do professor doutor Cesar Bargo Perez, tem realizado na comunidade da Praia de Santa Cruz dos Navegantes, localizada ao lado da Fortaleza da Barra, monumento quinhentista, construído em 1584.
Durante o programa, o professor Cesar Bargo falou sobre a história do monumento e o trabalho que o grupo vem desenvolvendo com foco no pertencimento. O potencial educacional do jogo foi discutido durante o debate. Ele possui três tabuleiros com mapas interligados, 30 peças de coleta, 27 missões e 30 perguntas, com combinações múltiplas, tornando possível jogar mais de uma vez com diferentes resultados e aprendizados.
De caráter lúdico, ele possui 9 personagens (soldado, pescador, pirata, menino, noiva, lobisomem, malandro, padre e caiçara) que fazem parte das histórias dos moradores da comunidade, criados com suporte de Inteligência Artificial, cada um com ‘poderes’ e cores singulares, sendo possível ter 9 jogadores simultâneos. O roteiro foi construído com crianças que moram na região, tornando possível localizar lugares conhecidos pelos jogadores e trazendo uma experiência mais personalizada à partida. Durante a apresentação, o professor Cesar trouxe participantes para uma representação real do funcionamento do jogo, mostrando como ele contribui para a valorização da história local e o sentimento de pertencimento.
Tertúlias Portugal – Brasil
O programa, criado pelo general Rui Moura (Portugal), o coronel Elcio Secomandi (Brasil) e o professor doutor Cesar Bargo (Brasil), vai ao ar, pelo canal Tertúlias Portugal – Brasil, no YouTube, quinzenalmente, aos sábados, das 18 às 19h40. Entre os objetivos, busca sanar curiosidades históricas e investigativas sobre os países e sua união, acolhendo diferentes posicionamentos através de diálogo e debate com historicidade e sem politização.
Para acompanhar o programa de número 100 e os demais, basta acessar o canal pelo youtube.com/TertuliasPortugalBrasil.
FORTALEZA DA BARRA GRANDE
Erguida em 1584, durante o reinado de Felipe II da Espanha e I de Portugal, a Fortaleza de Santo amaro da Barra Grande passou por diversas reformas que lhe deram maior capacidade bélica. Seu último tiro foi disparado em 20 de setembro de 1893, durante a Revolta da Armada. Seu desarmamento foi determinado em 6 de abril de 1905. Sede do Círculo Militar de Santos, foi tombada em 1967 e entregue ao antigo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
A Sociedade Amigos da Marinha também ocupou o monumento. Após a sua desocupação, na década de 70, começava a fase de decadência. Abandonada, o maior conjunto arquitetônico militar do Estado de São Paulo deteriorou-se rapidamente. Em 1991, a Fortaleza da Barra ressurge como protagonista de uma nova história, por conta da iniciativa da UNISANTOS na formação da Comissão de Trabalho/Fortaleza, que reunia representantes de instituições públicas e privadas, com o objetivo de recuperar o monumento quinhentista.
A partir daí, começaram a surgir os efeitos positivos da iniciativa da UNISANTOS, que, desde 1984, desenvolvia projetos comunitários, com foco na inserção social, em Santa Cruz dos Navegantes, bairro vizinho ao monumento. A assinatura de um protocolo de intenções, em 1993, entre a UNISANTOS, a Prefeitura Municipal de Guarujá e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), selou o compromisso para as ações necessárias de restauro e preservação. Uma série de projetos, estudos, pesquisas, atividades de lazer, turismo e educação foram realizadas. A conscientização de sua importância e a sua recuperação foram inevitáveis e o monumento ressurgiu, passando a ocupar o cotidiano não só da comunidade vizinha, mas de toda Região Metropolitana da Baixada Santista.
