
Mais de 2 mil pessoas participaram, no último sábado (10), da Solene Celebração Eucarística de Posse Canônica de Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, o novo bispo coadjutor da Diocese de Santos. No Santos Convention Center, ele foi acolhido por fiéis que representaram os nove municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista. Políticos, educadores, padres, diáconos e seminaristas também prestigiaram a vinda no novo bispo. Sob a presidência de Dom Tarcísio Scaramussa, concelebraram a missa, bispos das cidades e regiões de Amparo, Jundiaí, Osasco, Registro, Taubaté, São José dos Campos, Caraguatatuba, Aparecida, Mogi das Cruzes, Santo André, Belo Horizonte, São Paulo, Santo Amaro, Campo Limpo e Porto Seguro, na Bahia.



Dom Mol, como prefere ser chamado, chega na Diocese de Santos para colaborar com o bispo Dom Tarcísio Scaramussa, chanceler da UNISANTOS. A sua nomeação ocorreu no dia 24 de fevereiro, quando Papa Francisco (1936-2025) acolheu o pedido apresentado por Dom Tarcísio que, em setembro, completará 75 anos e irá apresentar a sua renúncia, conforme previsto no Código de Direito Canônico.



Com o lema “Porque Deus é Amor”, Dom Mol, durante a homilia, emocionou os fieis ao dizer que irá conhecer as comunidades, acolher a todos, principalmente os mais vulneráveis. Em defesa do humanismo, ele afirmou a importância do diálogo, de uma educação católica de qualidade e de uma comunicação eficaz. Próximo de todos, cumprimentou centenas de pessoas e fez uma homenagem especial para a sua mãe, Edna Mol, que conduziu o cálice para o rito eucarístico da comunhão.
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“Quanto mais conhecimento, mais se exige que as pessoas que lidam com esse conhecimento sejam verdadeiramente humanas”
Um dia antes da posse, Dom Mol falou com exclusividade para a Assessoria de Imprensa da UNISANTOS. Futuro chanceler da instituição, ele destacou que uma universidade só pode ser considerada católica se tiver qualidade. “A universidade católica é mais do que uma explicitação aguda da fé cristã. É preciso que ela tenha profundidade na sua relação com a Igreja local, que é a Diocese”, disse.
Professor e pesquisador, Dom Mol foi reitor da PUC Minas, por isso tem muito apreço pela educação. Ele contou que ficou muito feliz ao ser designado para Diocese de Santos e saber que existe uma Universidade, por isso pretende estar presente, com foco no diálogo e no conhecimento. “Pretendo estar presente, preciso escutar muito, preciso entender e conhecer. É claro que vou ouvir as pessoas, trocar ideias, mas sabendo o meu lugar, como bispo coadjutor que se prepara para assumir o governo de uma diocese que tem o privilégio de ter uma universidade católica. Então, precisamos organizar isso, mas tudo na linha do conhecimento. Se tiver algo a ser apresentado como ideia, uma proposta que for factível, nesse período, tudo será feito em diálogo com Dom Tarcísio, e se ele também estiver de acordo”, explica.

QUALIDADE EDUCACIONAL – A qualidade educacional de uma universidade católica, a que Dom Mol se refere, está ligada ao conhecimento e ao humanismo, que devem dialogar. “O egresso de uma universidade católica define como a instituição tem que ser. Ele tem que ser um bom profissional e tem que ser um ser humano de qualidade, portanto humanista, que trata bem as pessoas, que respeita, que é educado, porque esses são valores que estão no Evangelho. Quanto mais conhecimento, qualidade, mais se exige que as pessoas sejam verdadeiramente humanas. Portanto, não sejam pessoas que disseminam o ódio, que dividem as pessoas, que desrespeitam o ‘pequeno’, que maltratam o pobre”, destaca.
Dom Mol disse que a universidade deve responder para si mesma, ao longo do tempo, a seguinte pergunta: “Estamos sendo uma comunidade universitária? Ao fazer isso, estamos perguntando sobre as relações estabelecidas entre as partes, ou seja, o professor que é pesquisador, os estudantes e assim por diante.
Expectativa para o diálogo com a comunidade acadêmica
Na expectativa para o diálogo com a comunidade acadêmica, Dom Mol enviou a seguinte mensagem para os professores: “Nós, professores, podemos contribuir muito para a mudança da sociedade, mas o decisivo para a transformação da sociedade não está em nossas mãos, mas sim, nas mãos da juventude”, disse o futuro chanceler lembrando do compromisso e da importância do trabalho docente.

Em relação aos técnico-administrativos, lembrou da importância do seu trabalho. “Você, que é funcionário administrativo da UNISANTOS, é tão importante quanto o professor mais estudado, o pós doutor. Você é uma pessoa humana que faz uma série trabalhos, que vai desde a preparação do ambiente físico da sala de aula até a assistência técnica de equipamentos, computadores, laboratórios etc. Você está favorecendo para que a universidade seja mesmo uma universidade de qualidade. Você tem que ser amado, respeitado dentro da universidade, como cada um dos alunos e professores”, enfatiza.
Dom Mol lembrou que no Brasil existem em torno de 20 milhões de jovens em idade para estarem no ensino superior, mas menos de 10 milhões frequentam universidades públicas e particulares. Por isso, deixou um recado para os estudantes da UNISANTOS. “Levem a sério a oportunidade que estão tendo. Jovem universitário da UNISANTOS, aproveite a oportunidade porque pode ser que seja a única na sua experiência de vida. Estude com gosto. Faça do estudo a sua profissão para que você consiga depois se projetar”, diz.
COMUNICAÇÃO – O novo bispo coadjutor também ocupou, na CNBB, a Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação. Por isso, a comunicação está entre as suas prioridades pastorais. É enfático ao afirmar que comunicação é muito mais complexa do que se pensa e, por isso, um desafio permanente para todos. “A comunicação precisa ser tratada sempre como algo estratégico. Ela é transversal, passa por todos os diálogos. A comunicação é atrevida, ou seja, ela é capaz de entrar em todos os corredores da existência humana e coletiva”, diz.
Dom Mol considera que um dos principais desafios da comunicação é a linguagem e afirma que comunicação não pode ser tratada como ferramenta. “Ela é mais do que informação. Se você corta a comunicação, você corta o jeito de viver, isola uma pessoa completamente. Ela desumaniza-se. Sabe porque me apego muito a essa ideia? Porque Deus é comunicação. Deus, quando cria, quer estabelecer as relações com todas as criaturas”, explica.

TRAJETÓRIA – Licenciado em Filosofia e bacharel em Teologia pela PUC Minas. Mestre em Teologia pela FAJE. Professor e pesquisador na PUC Minas (1990-2022). Professor do Instituto de Filosofia e Teologia Santo Tomás de Aquino, ISTA (1990–2005), do Instituto Marista de Ciências Humanas (1992–1995) e do Instituto Regional de Pastoral Catequética. Fundador e coordenador do Instituto Superior de Pastoral PUC Minas, ISPAL (1998–2011). Editor fundador da Revista HORIZONTE, de estudos de Teologia e Ciências da Religião da PUC Minas.
Catequista desde 1975 e como presbítero desde 1988, dom Mol, desde 2006, foi bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte (MG). Também é conferencista e assessor, desde 1993, nos campos da teologia, pastoral, comunicação e humanismo. Na CNBB, dom Joaquim Mol presidiu a Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação de 2011 a 2015 e também a Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, de 2015 a 2023. Foi presidente do GT para acompanhamento da Reforma Política no Brasil (2008–2015), do Conselho Superior da Associação Nacional de Educação Católica (ANEC Brasil), de 2011 a 2015. Retornou a este último Conselho no quadriênio 2015-2019.
Foi reitor da PUC Minas, de 2007 a 2022, e membro do Pontifício Conselho da Cultura do Vaticano (2015-2022). Membro do Observatório da Comunicação Religiosa no Brasil e do Observatório Eclesial Brasil. Seu lema, “Porque Deus é Amor”, foi escolhido como fundamento de todas as coisas e como explicação única para este ato de fé: ser bispo na Igreja de Jesus Cristo, na verdade, o menor e o último dos bispos.
Fotos. Crédito: André Souza e João Jardim