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Identidades mortas: uma análise dos discursos sobre memória e identidade a partir do Cemitério de Imigrantes de Joinville
Elisiana Trilha Castro 1
 
Resumo: Memória e identidade da cidade de Joinville a partir das discussões sobre o projeto de preservação do Cemitério do Imigrante, como patrimônio cultural local.

Abstract: Memory and Identity of Joinville City based on cultural heritage discussion about Cemitério do Imigrante.










“Museus, arquivos, cemitérios e coleções, festas, aniversários, tratados, processo verbais,
monumentos, santuários, associações, são os marcos testemunhas de uma outra era, das ilusões de eternidade.”
Pierre Nora



Memórias, identidades e cemitérios: alguns conceitos


Este ensaio pretende analisar os discursos de identidade e memória sobre o Cemitério de Imigrantes de Joinville. Inaugurado em 1851 e fechado em 1913, o Cemitério dos Imigrantes fica no centro da cidade, sob a responsabilidade da Fundação Cultural de Joinville e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1962 2. Sendo um dos locais onde estão sepultados os primeiros imigrantes da cidade, o cemitério insere-se através de projetos de restauração e conservação, no conjunto dos bens de preservação na cidade e torna-se aqui, objeto para compreender o discurso identitário do município de Joinville.

A proposta é perceber como este discurso, vinculado em diferentes fontes 3, vai justificar o projeto de conservação deste espaço, recriando através de diversas vozes, imagens acerca da importância do cemitério para a história da cidade, tendo em vista que tais discursos são produzidos por vários atores sociais para reforçar a necessidade da conservação e se destinam a diferentes públicos, que ora pode ser a população joinvilense ou por sua vez, os órgãos competentes do município. Assim é importante considerar que

Não existe ciência do discurso considerado em si mesmo e por si mesmo; as propriedades formais das obras desvelam seu sentido somente quando referidas às condições sociais de sua produção - ou seja, às posições ocupadas por seus autores no campo de produção - e, por outro lado, ao mercado para o qual foram produzidas (que não é outra coisa senão o próprio campo de produção) e, eventualmente, aos mercados sucessivos de recepção de tais obras. 4


Interessante perceber como estes discursos vão tornar o espaço dos mortos num espaço de identificação e de memória, que conjuntamente com as festas, comidas, trajes típicos, vão construir o pano de fundo das relações de tradição e de cultura alemã. O espaço dos mortos é “revitalizado” com a restauração de seus túmulos e dentro do discurso identitário, ocupa um espaço privilegiado na política patrimonial do município.

A cidade de Joinville, um dos núcleos de colonização alemã em Santa Catarina, apresenta em suas ruas, casas, jardins e festas, traços do que comumente é denominado como germânicos, ou seja, práticas, símbolos e referências relacionadas aos colonizadores desse município, imigrantes que partiram de diferentes regiões do que conhecemos hoje como Alemanha e que fundaram a Colônia Dona Francisca, atual Joinville, em 1851. Homens e mulheres que hoje são lembrados e referenciados como alemães 5 ou teuto-brasileiros: denominações que se estendem aos seus descendentes e que se referem àqueles que ainda mantém costumes, hábitos e práticas ditas “alemãs” e que muitas vezes, mesmo sabendo o português ainda falam o “alemão”, portanto “[...] é aquele que nasceu no Brasil, mas é “de origem”, ou seja, tem sangue alemão, fala alemão e cultiva uma forma de ser, considerada alemã [...] ”6.

Assim o município preserva, através de diferentes práticas e espaços, sua memória ou a memória de seus fundadores. Importante salientar que a memória é um processo seletivo, que escolhe lugares, costumes, passados, tendo assim, um papel definido. Evocando o passado, esse processo pensa e repensa o pretérito a partir de necessidades do presente, sendo a memória portanto, mutante. Os grupos que a constroem estão em constantes transformações, passando por revitalizações e sofrendo ajustes derivados das necessidades de manutenção do próprio grupo, portanto:

Nós temos que ser lembrados de que memórias e identidades não são coisas fixas, mas representações ou construções da realidade, fenômenos subjetivos em vez de objetivos. Estamos constantemente revendo nossas memórias para adaptar às nossas identidades atuais. Memórias nos ajudam a fazer sentido no mundo em que vivemos; e “trabalho de memória” é, como qualquer outro tipo de trabalho físico ou mental, embutido em relações complexas de classe, gênero e poder que determinam o que pode ser relembrado (ou esquecido), por quem e para que fim. 7


Memória e identidade são recriadas e pensadas em um determinado contexto. No caso de Joinville, elas buscam uma identificação com o passado de imigrantes “alemães” e em grande medida, uma unidade cultural para os joinvilenses. Mas, para compreender os mecanismos que possibilitam diferentes identificações grupais é necessário levar em conta o conceito de etnicidade. Este conceito tem um caráter primordial, originado na “identidade básica do grupo” dos seres humanos e neste sentido, as pessoas têm uma necessidade essencial de pertencimento, o que é satisfeito por grupos baseados na ancestralidade e na cultura em comum. Não se trata, portanto, de uma “ficção coletiva”, mas de um processo de construção que incorpora e ajusta as solidariedades comunais, atributos culturais e memórias históricas preexistentes, tendo como base a vida real e a experiência social e que pode influenciar os descendentes de imigrantes entrando mesmo na terceira e quarta geração .8

Portanto com relação à memória de um grupo, o sentimento de pertencimento vai ser “saciado”, entre outros, por um passado que vai reunir os interesses de seus integrantes e que os unifica num lugar chamado Nação: uma identidade maior que vai agrupar diversas identidades e vai impor sobre tradições locais uma nova tradição, que vai substituir antigos vínculos e criar novas leis e costumes 9. Surge então um passado permitido e que constrói a identidade através de certas referências como ritos, símbolos, lugares, que possibilitam a construção de laços e que se mantém através da criação de locais de preservação destas referências. É o que Pierre Nora chama de lugares de memória 10 ou seja, espaços onde ritos que zelam pela identidade de um grupo são mantidos, através de símbolos nos quais os participantes destes se reconhecem e se diferenciam.

Entre esses lugares de memória, podemos encontrar o cemitério. Um espaço que entre tantas apropriações e significados, nos une em grande medida ao passado, através dos que se foram e do modo como ali foram deixados. Ele registra parte da história de uma localidade através da disposição e dos formatos dos túmulos, das inscrições nas lápides, das datas de falecimento: testemunhos mudos, elogios fúnebres de diferentes vidas, que falam do passado e ajudam a pensar o grupo ao qual se dirigem e do qual são produto. É a necrópole, dada a necessidade ocidental de registrar a morte e o morto 11, local de diferentes formas de se lidar com aquilo que contará somente com registros, já que o morto pertence ao passado, mas se mantém no presente, através das formas como os vivos vão dar forma à saudade e à ausência.

Cabe salientar que a morte e o lidar com o morto são mais que atos individuais, são acontecimentos ligados a práticas sociais e, estando intrinsecamente relacionado com a memória, através do ato de sepultar e tumularizar, o cemitério como outros locais, pode ganhar o status de “lugar de memória”. Analisando os discursos sobre o projeto de restauração do Cemitério dos Imigrantes é possível encontrar diferentes referências à criação deste status e sobre a importância da necrópole na preservação da identidade da cidade.



Conservando os mortos: um discurso sobre o cemitério

Símbolo da colonização, monumento da imigração, o cemitério recebeu recursos para sua restauração em fevereiro de 2003 e a liberação das verbas foi noticiada no jornal A Notícia 12 que além de informar os valores liberados para a reforma, as propostas acerca do projeto, a descrição do trabalho realizado, apresenta as palavras de Gessonia Leite de Andrade Carrasco 13 sobre a importância da conservação deste espaço: "Nosso objetivo é restituir a função do local como espaço de reflexão e reverência aos antepassados e como fonte histórica para o exercício de uma educação patrimonial no município [...]".

Referir-se ao cemitério como lugar de reverência aos antepassados pode evidenciar a sacralização 14 do mesmo, com a criação de um espaço “especial” do passado, ou seja, de espaços que devem ser preservados e conservados na cidade e ao ser tratado como fonte histórica para o exercício da educação patrimonial, esse espaço ganha também outro valor especial, a de um documento que permitirá a cidade pensar suas “origens” como também o seu patrimônio e ser um patrimônio em grande medida, legitima o projeto de restauração.

Para tal legitimidade, a população é chamada a participar do projeto e as palavras de Afonso Imhof 15, falando de história, patrimônio e cidadania, chamam a atenção para a preservação do cemitério e de outros bens culturais da cidade:

Toda espécie de tipo material ou imaterial de lembranças, memórias, registros documentais orais, textuais ou, ainda, fotos, plantas, mapas, filmes, constitui um acervo de grande importância para a história de uma comunidade rural ou urbana, vila, bairro, rua, cidade e município. Se uma comunidade possui história, então ela tem um valor patrimonial inestimável e singular. Quem tem mais história tem mais cidadania. Patrimônio é um bem que nos pertence. Em se tratando de um bem cultural como um cemitério, por exemplo, o respeito à sua preservação e revitalização torna-se, assim, um dever de todos os cidadãos residentes na cidade, bem como do poder público. 16



Sendo a preservação um dever de todos os cidadãos, o envolvimento da população com o projeto é estimulado através de diversas ações, entre elas, a divulgação de uma lista dos sepultados no cemitério. Tal lista buscava os descendentes para promover atividades de preservação sendo uma delas, a adoção dos túmulos pelos familiares permitindo uma participação mais efetiva destes no processo de restauração do cemitério.

Uma das questões abordadas buscando esclarecer e ampliar a participação popular foi o tombamento. O jornal de 27 de setembro de 1998 17 levanta esta questão e garante que as famílias dos sepultados podem ajudar na restauração do cemitério, dando sugestões à equipe responsável, já que muitos descendentes dos sepultados, por desconhecer o processo de tombamento, pensaram que devido ao mesmo, não poderiam intervir na restauração dos túmulos.

E entre os descendentes, encontra-se a declaração de Ingrid Colin Lepper, presidente da Associação de Moradores do Bairro América: "Não é possível visitar o cemitério. Até a Prefeitura, quando faz uma homenagem, faz lá embaixo do morro. Nós, das famílias de descendentes, esperamos uma solução "18 Esta declaração pode evidenciar que certos setores ou alguns populares apóiam o projeto ou pelo menos esperam que o projeto não só preserve o cemitério, como dê condições para um ato comum neste espaço: o de visitar seus mortos. Importante salientar que esta moradora reivindica uma solução, fazendo uso de sua condição de descendente, o que pode indicar a aproximação com a identidade alemã.

Ainda sobre a participação da comunidade, o jornal do dia 15 de agosto de 1999 19 mostra uma enquête realizada com moradores da cidade de diferentes camadas da população. Ao serem questionados se o cemitério estava sendo tratado com respeito, a maioria denunciou o descaso e o desrespeito ao mesmo, pedindo providências por tratar-se de um patrimônio do município.

No dia 27 de setembro de 1998, o jornal A Notícia, apresenta uma lista com os nomes de alguns sepultados e é possível perceber, através da lista apresentada e que segue abaixo, fundadores, precursores e prefeitos sepultados no cemitério, nomes que parecem indicar uma memória “ilustre” que justificaria de certa forma, a importância da necrópole como monumento histórico do município:

Entre os nomes ilustres de imigrantes que estão enterrados no cemitério, podem ser citados:
Georg Klaus von der Decken (1814/1847), um dos precursores da aviação na Alemanha.
Ottokar Doerfell (1818/1906), o terceiro prefeito de Joinville. Fundador da Sociedade Harmonia-Lyra, Sociedade Ginástica, Sociedade de Atiradores, Kolonie-Zeitung (primeiro jornal impresso de Joinville).
Eugen Johann Gottlieb (Bogdan) Schmidt (1846/1914), que deixou grande descendência, entre eles os fundadores da Fundição Tupy.
Frederico Brustlein (1835/1911), incumbido pelo Príncipe de Joinville de administrar seus bens. Nono prefeito de Joinville. Construtor da primeira rede de água potável da cidade e responsável pelo plantio das palmeiras da alameda Brustlein.
Félix Heinzelmann (1860/1898), um dos fundadores do Corpo de Bombeiros.
Outras famílias têm suas sepulturas no Cemitério dos Imigrantes: Colin, Hansen, Parucker, von Lange, Boehm, Jordan, Lepper, Delitsch, Krisch, Schlemm, Rosenstock, Rosskamp.
20


Além de “falas” sobre participação popular, preservação e mortos ilustres, os jornais apresentam artigos que chamam a atenção sobre o risco que o cemitério corre estando a mercê de uma política patrimonial que não atende às necessidades de preservação dos bens do município. Um destes com o título: “Do abandono a monumento da história” 21, fala do mal estado de conservação do cemitério e do destaque que o mesmo recebe, entre os projetos que fazem parte dos festejos dos 150 anos da cidade e da valorização que tira do abandono, um monumento que guarda a história de Joinville. Também a preocupação com o abandono e o vandalismo está presente em outros artigos e a denúncia de práticas de festas e de depredação também reforçam o discurso que faz do cemitério um lugar “sagrado” dos antepassados:

Não é o aspecto histórico do Cemitério do Imigrante o que mais preocupa hoje. São, sim, os atos de vandalismo, depredações e a falta de respeito com um espaço que não é considerado santo pelos invasores, que ali fazem festas e bebedeiras. Eles poderiam, pelo menos, ser um pouco mais cuidadosos. Cada cruz, cada tumba, cada lápide tem uma história. Uma história de dor e sofrimento, de findada esperança e redobrada expectativa sobre o mistério de tempos vindouros, de quem atravessou o Atlântico para terminar seus dias longe do chão pátrio. Quem sabe aqueles que deixam copos e garrafas sobre os túmulos não são bisnetos, tataranetos de quem jaz debaixo da terra? 22


Além dos artigos publicados no jornal A Notícia, encontram-se sites que tratam da restauração do cemitério. Nestes o cemitério aparece como um lugar para uma memória monumentalizada, reverenciada através dos túmulos, dos epitáfios, como no título de um artigo disponível nestes sites: “Obras de restauração fazem do Cemitério dos imigrantes um espaço para reverenciar os primeiros colonizadores{...} ”23

Cabe salientar que a preocupação com a preservação também se estende aos demais cemitérios da cidade, como no artigo publicado também no jornal A Notícia 24, que declara: “A memória se perde nos túmulos abandonados”. Este informa que além do cemitério dos Imigrantes, existem 18 cemitérios se deteriorando nos arredores de Joinville, principalmente na área rural, entre eles o Cemitério Annaburg, no bairro Vila Nova. Fala que o mesmo guarda em suas terras um pouco da história de Joinville, já que lá estão sepultados os despojos dos primeiros imigrantes que vieram da Suíça e da Alemanha para tentar a sorte nestas paragens.

O mesmo artigo informa que o Núcleo de Patrimônio Histórico da Fundação Cultural de Joinville está fazendo o inventário dos mais antigos cemitérios do município com o objetivo de levantar dados exatos que possam ajudar os pesquisadores a traçar o perfil dos primeiros colonos, identificando a origem, religião, idade média e causas mortis da época, entre outros dados. Nas palavras da historiadora Dietlinde Clara Rothert, então coordenadora do Núcleo de Patrimônio Histórico: "A nossa preocupação é oferecer subsídios para pesquisa. Os cemitérios são patrimônios históricos". Os trabalhos direcionados aos cemitérios do município buscam informações que possam contribuir para pensar a origem dos primeiros colonos e a construção da identidade da cidade.

A cada artigo, as falas remetem a um cemitério que deve ser preservado, pois guarda os primeiros sepultamentos de imigrantes e, portanto ganha valor histórico e patrimonial. O cemitério devidamente restaurado passa a ser um lugar a se conhecer no município, como os seus museus, casas de memória e parques. O cemitério destituído de seus atributos fúnebres que tornam o mesmo o lugar do luto, da saudade, das assombrações e no qual se ritualiza a dor da despedida, é revisitado em um discurso que o identifica com patrimônio, agrega potenciais turísticos e contribui com a identidade joinvilense. Os túmulos dos imigrantes se tornam monumentos e os mortos têm seu papel definido na construção identitária de Joinville: dos mortos se espera que se tornem testemunhas do passado da cidade e de certa forma, da identidade e da memória alemã.



Considerações finais

A identidade e a memória joinvilense são apresentadas e afirmadas em diferentes declarações acerca da importância da conservação do Cemitério dos Imigrantes e dos seus sepultados para a preservação da história de Joinville. Os discursos buscam reforçar a identidade da cidade em torno de uma memória feita de imigrantes “alemães”, salientando que os primeiros colonizadores jazem no solo da necrópole como testemunhas das origens da cidade. O cemitério foi incorporado a um processo que preserva lugares, costumes e ritos, em nome da memória da cidade.

O Cemitério está aberto ao público e é um dos locais mais visitados em Joinville. Os projetos desenvolvidos no cemitério destacam-se pelo trabalho na área de pesquisa e de patrimônio cemiterial, sendo um dos primeiros do Estado de Santa Catarina a ter intervenções de restauração e conservação no conjunto funerário. Para finalizar, em algumas notícias de jornais aqui apresentados, é possível perceber o destaque de sobrenomes e imigrantes, sobretudo, alemães, o que parece ignorar os que não tiveram túmulos e epitáfios: mortos ditos comuns, mas que da mesma forma que os ilustres sepultados “no cemitério estão e por nós esperam ”25 e também são História.
 
1 Atua na área de patrimônio cemiterial, com graduação em História pela UDESC. Mestranda e bolsista CAPES do Programa de pós-graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade/UFSC. Pesquisadora do NUCOMO (Núcleo de Investigação em Configuração e Morfologia na Arquitetura e no Urbanismo/UFSC) e do NAUI (Núcleo Dinâmicas Urbanas e Patrimônio Cultural/UFSC). Coordena um inventário de cemitérios de imigrantes alemães da Grande Florianópolis (SC) através do Fundo Estadual de Incentivo a cultura. Participante do Grupo de Estudos sobre Patrimônio (FAED/UDESC) e membro da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC).

2 A comissão de restauração e transformação do Cemitério dos Imigrantes em memorial foi criada pelo decreto nº 8.618, de 21 de maio de 1998, de Luiz Henrique da Silveira, sendo um projeto do governo estadual, com dinheiro do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e com verbas oriundas do Prodetur, para ser investida em obras de infra-estrutura de locais que possam receber fomento pelo aspecto turístico. In: ALMEIDA, Sérgio. Nova comissão agiliza Memorial do Imigrante. A Notícia On-line, Joinville, 15 set. 1999. Disponível em: Acesso em: 05 ago. 2005.

3 Foi utilizado como fontes, artigos do site do Jornal A Notícia On-line e de outros sites, devidamente citados nas notas respectivas.

4 BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas lingüísticas: o que falar quer dizer. São Paulo: USP, 1996. p. 129.

5 A afirmação de uma “origem” alemã ainda está presente no discurso identitário do município, apesar de descobertas como a da tradutora Helena Remina Richlin, que encontrou uma série de relatórios do período da criação da Colônia, que estavam armazenados no Arquivo Histórico de Joinville. De acordo com o historiador Dilney Cunha, estes documentos derrubam muitos mitos contados até hoje e considerados como verdadeiros, entre eles que a maioria dos imigrantes eram alemães, os relatórios mostram que eram suíços. Disponível em . Acesso em: 04 ago. 2005.

6 KLUG, João. A imigração alemã e a construção de uma identidade teuto-brasileira no sul do Brasil. ADLAF –Jahrestagung/2003. Institut und dem Seminar Für Wissenschaftliche Politik der Albert-Ludwigs Universität. 13-15 de Novembro de 2003, Freiburg, DE , p.7.

7 GILLIS, John. Introduction: Memory and Identity: the History of a Relationship. In: GILLIS, john R. (ed). Commemorations: the politics of national identity. Princeton: Princeton University Press, p. 3-24. p.1.

8 COZEN, Kathleen Nehls; GERBER, David ª; MORAWSKA, Eva; POZZETTA, George E.: VECOLI, Rudolph J. Forum – The invention of Ethnicity: A Perspective from the U.S. ª In: Journal of American History, Fall 1992. (trad.)

9 Sobre o tema ver: HOBSBAWN, Eric; RANGER, Terence. A invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.

10 Ver: NORA, Pierre. “Entre Memória e História: a problemática dos lugares”, In: Projeto História. São Paulo: PUC, n. 10, pp. 07-28, dezembro de 1993.

11 Aqui cabe salientar que os cemitérios e a necessidade de identificação tumular e outros ritos como Finados e zelo pelo túmulo, são práticas ocidentais recentes, datadas do séc. XIX. Sobre o tema: ARIÈS, Philippe. História da morte no Ocidente. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003 e ARIÈS, Philippe. O homem diante da morte. Vol. 1 e 2. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.

12 RIGOTTI, Genara. Restauração de cemitério já tem recursos. A Notícia On-line, Joinville, 23 fev. 2000. Disponível em: . Acesso em: 03 ago. 2005.

13 Especialista Cultural – Preservação/Restauração, do Centro de Preservação de Bens Culturais – CPBC, Fundação Cultural de Joinville, participou do projeto entre 1999 e 2000.

14 No contexto desta análise, entende-se por sacralização, o processo que identifica determinados lugares , práticas, pessoas ou objetos como sagrados, estabelecendo critérios de uso e de acesso aos mesmos. No caso do cemitério, chamá-lo de espaço de reverência aos antepassados sacraliza este local, como algo a ser preservado e relacionando-o ao culto aos antepassados, intensifica o seu aspecto religioso.

15 Afonso Imhof é pós-graduado em história contemporânea e foi coordenador do projeto entre 1999 e 2001.

16 IMHOF, Afonso. Bem cultural: um patrimônio singular. A Notícia On-line, Joinville, 15 ago. 1999. Disponível em: . Acesso em 04 ago. 2005.

17 KARL, Fernando José. O riso antigo do Campo Santo. A Notícia On-line, Joinville, 27 set. 1998. Disponível em Acesso em: 28 jul. 2005.

18 RIGOTTI, Genara. Restauração de cemitério já tem recursos. A Notícia On-line, Joinville, 23 fev. 2000. Disponível em: . Acesso em: 05 ago. 2005.

19 In: ALMEIDA, Sérgio. Você acha que o Cemitério do Imigrante está sendo tratado com o devido respeito? A Notícia On-line, Joinville, 15 ago. 1999. Disponível em: Acesso em: 04 ago. 2005.

20 KARL, Fernando José. O riso antigo do Campo Santo. A Notícia On-line, Joinville, 27 set. 1998. Disponível em . Acesso em: 28 ago. 2005.

21 ALMEIDA, Sérgio. Do abandono a monumento da história. A Notícia On-line, Joinville, 15 ago.1999. Disponível em . Acesso em: 05 ago. 2005.

22 ALMEIDA, Sérgio. Do abandono a monumento da história. A Notícia On-line, Joinville, 15 ago.1999. Disponível em . Acesso em: 05 ago. 2005.

23 Disponível em: 15&newcod=487>. Acesso em: 03 ago. 2005.

24 DIAS, Maria Cristina. A memória se perde nos túmulos abandonados. A Notícia On-line, Joinville, 16 abr. 1998. Disponível em . Acesso em: 28 jul. 2005.

25 Frase que faz referência ao documentário de Marcelo Masagão: “Nós que aqui estamos por vós esperamos.”