Outros artigos
NOVEMBRO/2005: Turismo Arqueológico no Estado de São Paulo?
Patrimônio na metrópole: propostas para um roteiro judaico em São Paulo 1 - PARTE 2
DEZEMBRO/2006: Intervenções Arqueológicas no Antigo Engenho Paul/PB: uma unidade de produção agro-industrial na cidade de João Pessoa
Resenha Crítica: "Françoise Choay, A Alegoria do Patrimônio." Tradução: Teresa Castro, Lisboa: Edições 70, Julho de 2000.
Núcleo Museológico dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Leça, Portugal
Artigo
Artigo

 
Patrimônio na metrópole: propostas para um roteiro judaico em São Paulo 1 - FINAL
Andréa Kogan 2
 
Pós-escrito – fevereiro de 2007

São necessários alguns esclarecimentos no que diz respeito à dissertação de mestrado aqui apresentada. Em primeiro lugar, não se deve perder de vista que a dissertação em questão foi depositada na Universidade no final de junho do ano de 2001, e defendida em setembro de 2001. Isto quer dizer que todas as pesquisas e entrega em si foram feitas antes dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

Tal fato é de suma importância para qualquer obra na área de turismo e, principalmente na questão do turismo religioso judaico.

O fenômeno turístico nunca mais será o mesmo depois da data. Talvez se o trabalho tivesse sido escrito depois, algumas considerações teriam sido adicionadas ou suprimidas. Mas o ponto essencial de mudanças é em relação aos atrativos citados.

A segurança em torno dos locais ditos “judaicos” antes do 11 de setembro foi sempre algo preocupante para a comunidade judaica como um todo. Sempre houve esquemas muito bem organizados para que se evitasse qualquer tipo de incidente dessa natureza. Depois do 11 de setembro os cuidados quase que dobraram (como se pudéssemos mensurá-los). As visitas são bastante restritas, o número de pessoas cuidando dos locais aumentou e, sempre há um clima de vigilância no ar.

Todos os restaurantes e a livraria (Sêfer), felizmente são abertos ao público em geral. O esquema de segurança não é explícito, mas é possível notar que está sempre presente.

Alguns destes locais estudados também fecharam ou mudaram de endereço. O Arquivo Histórico Judaico Brasileiro está situado hoje em Pinheiros, na rua Estela Sezefreda número 76 e o site do local fornece diversas informações: http://www.ahjb.com.br/.

Outro local de suma importância para a comunidade judaica hoje é o Centro da Cultura Judaica localizada em lugar nobre da cidade, à Rua Oscar Freire, 2.500. Pode-se dizer que este é o local onde o próprio paulistano ou o turista que esteja São Paulo tem as melhores atividades e exposições relativas à colônia (http://www.culturajudaica.org.br/). O prédio, que tem a forma de um rolo da Torá (sagradas escrituras), foi inaugurado em abril de 2003. Este é o local com a maior programação da cidade (ou talvez do Brasil) no que diz respeito a palestras, exposições ou cursos com temática judaica.

Inaugurado também há pouco tempo, o Centro Judaico Bait no bairro de Higienópolis (Rua Baronesa de Itu, 438) nasceu com a proposta de além de sinagoga, ser um centro de estudos e um centro social (http://www.bait.org.br).

Vale lembrar que é sempre importante verificar a existência dos locais depois de seis anos de entrega do trabalho.

Felizmente, depois de tantos acontecimentos e mudanças mundiais, ainda é possível morar em uma cidade como São Paulo e vivenciar o lazer e o turismo das mais diversas formas.
 
1 Por razões editoriais esse trabalho foi dividido, e será apresentado em duas partes.

2 Andréa Kogan é mestre em Turismo; graduada em Letras, língua e literatura inglesa pela PUC-SP. Atual diretora de Turismo e Hospitalidade da UNICID, Universidade Cidade de São Paulo, e professora dos cursos de graduação e pós-graduação, em cursos de Letras dessa Universidade. Foi também docente nos cursos de Turismo e Hotelaria do SENAC-SP.

3 A diáspora (ou dispersão) judaica é um conceito que se refere aos judeus que imigraram da antiga Palestina, principalmente para a região constituída pelo antigo Império Romano; fora do Estado de Israel (dispersão acentuada pela destruição do Segundo Templo em Jerusalém).

4 SORJ, Bernardo. “Sociedade Brasileira e Identidade Judaica”. In: SORJ, Bila (org.) Identidades Judaicas no Brasil Contemporâneo. Rio de Janeiro: Imago, 1997.p.28

5 Vale lembrar que há alguns estudos que mostram a chegada de judeus junto com as caravelas de Cabral, mas em virtude de uma necessidade de delimitação do trabalho proposto, o mesmo analisa a chegada dos judeus a partir do final do século XIX.

6 De acordo com George Simmel, em Metrópole e a vida mental, a metrópole sempre foi a sede da economia monetária, além de implicar que o homem que lá vive tenha uma consciência mais elevada e uma predominância da inteligência.

7 HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz T. Silva e Guacira L. Louro. 3.ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.p.62

Várias formas de turismo são conhecidas através da segmentação do mercado pelas ferramentas de marketing. As ferramentas procuram segmentar o público pela sua idade, hobbies, posição social, religião, etc... O marketing não é o alvo principal deste trabalho.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da república Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

PIRES, Mário Jorge. “Levantamentos de atrativos históricos em turismo – uma proposta metodológica”. In: LAGE, Beatriz H.G., MILONE, Paulo C. (org.) Turismo: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000. p.111.

A pós- modernidade, não é facilmente traduzida ou explicada, nem existe a seu respeito qualquer consenso acadêmico, mas de acordo com Luiz G.G. Trigo, em A sociedade pós- industrial e o profissional em turismo, podemos notar que a época é de novas tecnologias, educação em um mundo que se transforma rapidamente, lazer, cultura e turismo ocupando posições centrais, questionamento dos metadiscursos dos organizadores de pensamentos, era do conhecimento, etc...

MORAES, Claudia C. “Turismo – segmentação de mercado: um estudo introdutório”. In: ANSARAH,Marilia Turismo segmentação de mercado. São Paulo: Futura, 1999. p.19.

KRIPPENDORF,Jost. Sociologia do turismo para uma nova compreensão do lazer e das viagens. São Paulo: Aleph, 2000. p. 54.

COOK,Roy,YALE Laura, MARQUA, Joseph. Tourism – the business of travel.New Jersey: Prentice Hall,1999 p. 32. “O antigo ditado, você não pode agradar a todos, o tempo todo, certamente é verdadeiro no que diz respeito às empresas turísticas. Se você não pode agradar o todos, a quem você deve agradar? Uma resposta comum a essa pergunta é focar os esforços de marketing à segmentação dos consumidores potencias em necessidades e desejos razoavelmente similares”. Tradução da autora.


RYAN, Chris ‘The time of Our Lives`or Time for Our Lives: An Examination of Time in Holidaying. In: RYAN, Chris (org) The Tourist Experience: A New Introduction. New York. Cassel, 1997 p. 201 “As férias são os melhores tempos da vida e elas possuem a oportunidade de criar um tempo memorável”. Tradução da autora.

17 LAGE,Beatriz. “Segmentação do mercado turístico”. In: Turismo em Analise, v3, n.3, nov/92.

18 MIELENHAUSEN, Ulrich. “Gestão do mix promocional para agências de viagens e turismo”. In: LAGE, Beatriz e MILONE, Paulo. Turismo: Teoria e Prática. São Paulo: Atlas 2000. p.52

19 Op.Cit.

20 Jairo Fridlin é escritor, tradutor e grande conhecedor da cultura judaica (algumas obras tradução e transliteração da Hagadá de Pessach, Machzor completo,Sidur completo e Salmos) A Sêfer está localizada à Alameda Barros,893.Home page: www.sefer.com.br, e-mail sefer@sefer.com.br.

22 Extraído do original em inglês do texto “Ethnic identity and tourism marketing” in WITT, Stephen and MUTINHO, Luiz. Tourism marketing and management handbook UK: 1989, Prentice Hall. p. 137.

23 SCLIAR,Moacyr. “Em busca da identidade judaica”. In revista Kol News, Suplemento especial. Abril 2001. p.28

24 WARNIER, Jean-Pierre. A mundialização da cultura. Trad. Viviane Ribeiro. São Paulo: Edusc,2000. p.72.

25 HALL, Stuart. A identidade cultural na pós –modernidade. 3.ed. Rio de Janeiro: DP &A p. 77.

26 ASHERI, Michael . O judaísmo vivo - as tradições e as leis dos judeus praticantes 2. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1995 p. 255.

28 SIMMEL,Georg. “A metrópole e a vida mental”. In: Textos básicos de ciências sociais. Rio de Janeiro: Zahar,1967. p 23.

29 DUMAZEDIER, Joffre. Lazer e cultura popular. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2000. p 25

30 PLES,Cristina Férias? Nem pensar. Revista Veja, edição 1693 ano 34 número 12 – 28 de março de 2001. Apesar de referencia da mídia, denota os problemas vigentes na sociedade metropolitana.


32 DUMAZEDIER, Joffre. Lazer e cultura popular .3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2000. p 34

33 KRIPPENDORF,Jost. Sociologia do turismo para uma nova compreensão do lazer e das viagens.
São Paulo. Aleph:2000. p.36.

35 UNIBES – União Israelita Brasileira do Bem Estar Social “criada em 1976 que foi o resultado de um processo sistemático de pelo menos cinco anos de reuniões entre as diretorias de Ezra, Linath Hatzaked, três entidades com uma longa tradição e trajetória de trabalho assistencial, associado aos imigrantes e a própria formação da comunidade judaica paulista entre os anos de 1910 e 1920”. In CYTRYNOWICZ, Roney (coord). Unibes - 1915-2000. Uma história do trabalho social da comunidade judaica em São Paulo. São Paulo: Narrativa-um, Projetos e pesquisas de história, 2000.

36 Organizações políticas sionistas que fazem reuniões semanais onde os membros formam grupos de dança, fazem e ouvem palestras e discutem sobre judaísmo.

37 No clube A Hebraica este grupo existe há diversos anos e os membros fazem atividades diversas como palestras e pré-estréias de peças que entrarão no circuito teatral da cidade. Como o próprio nome já diz, é direcionado a pessoas solteiras (há também uma limitação de idade mínima e talvez máxima para participar dos eventos).

38 Podemos notar dois guias semanais, um deles publicado as sextas-feiras pelo jornal A Folha de São Paulo, totalmente dedicado a opcoes de entretenimento do paulistano ( como shows, pecas de teatro,bares,restaurantes,cinema,exposição, etc...) E também a revista Veja São Paulo, revista semanal que mostra as opções da semana referentes a cinema ,teatro,shows,concertos, etc...

39 GRUN, Roberto. “Construindo um lugar ao sol os judeus no Brasil” In: FAUSTO, Boris (org).Fazer a América A imigração em massa para a América latina. São Paulo: Edusp, 1999 p. 354.

40 GRUN, Roberto. Construindo um lugar ao sol os judeus no Brasil In FAUSTO, Boris (org).Fazer a America A imigracao em massa para a America latina São Paulo. Edusp, 1999 p. 354

41 JEFFREY, Lesser. O Brasil e a questão judaica. Trad. Marisa Sanematsu. Rio de Janeiro: Imago, 1995. p. 316.

42 CARNEIRO, Maria Luiza T.O anti-semitismo na era Vargas (1930-1945). São Paulo: Brasiliense, 1988 p 52.

43 BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Holocausto . Trad. Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. p 11.

44 O pesquisador e sociólogo LAZO, Albino Ruiz, divulga em artigo do jornal o Estado de São Paulo. “Há escravos em São Paulo. Estão em prisões infectas nos subterrâneos do trabalho ilegal, circulam pelas ruas antes do nascer do sol e, sobrevivem vizinhos de todos nos, na esquina do inferno com o mundo globalizado” de 18/03/2001 escreve: “Os coreanos foram os primeiros a chegar em São Paulo a partir de 1963, quando a falta de trabalho reinava na Coréia do Sul. Em 1982, foi lhes dada a anistia e centenas de lojas atacadistas havia florescido no Brás e Bom Retiro . Já os Bolivianos habituados a ir de um lugar para o outro a viver em túneis e ver o mundo e a luz do dia umas poucas horas por semana acomodaram-se em viver nas oficinas de costura dos coreanos em condições semelhantes ou piores que as enfrentadas nas minas.

46 FAUSTO, Boris. “Imigração: cortes e continuidades” In: História da Vida Privada no Brasil. V.I. São Paulo Companhia de Letras, 1998 p 34.

48 ASHERI,Michael. O judaismo vivo Trad. Jose Octavio de Aguiar Abreu. Rio de Janeiro: Imago 1995. p 159.

50 ASHERI Michael O judaísmo vivo. São Paulo: Imago 1995 p. 118.

51 HECK, Marina BELUZZO, Rosa Cozinha dos imigrantes – memórias e receitas. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1998. p 325

52 SOLER, Jean. “As razões da Bíblia: regras alimentares hebraicas”. IN: In Flandrin, Jean Luis e Montanari, Massimo História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade: 1996 p. 109.

53 ASHERI Michael O judaísmo vivo São Paulo: Imago, 1995 p. 125.

55 DOLANDER, Miguel Angle. “A alimentação judia na Idade Média”. In Flandrin, Jean Luis e Montanari, Massimo História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1996 p 363.

56 ASHERI Michael O judaísmo vivo São Paulo: Imago, 1995 p. 125.

57 MONTANARI, Massimo. “Sistemas alimentares e modelos de civilização”. In Flandrin, Jean Luis e Montanari, Massimo: História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade 1996 p 109.

59 Depoimento registrado na obra de HECK, Marina e BELUZZO,Rosa Cozinha dos Imigrantes Memórias e receitas São Paulo: Companhia melhoramentos, 1988 p 227.

60 Op. Cit p. 14.

62 CURY, Isabelle (org.) Cartas patrimoniais. 2.ed. Rio de Janeiro: IPHAN, 2000. p.363/364

63 CULTURA HOJE. Informativo do Ministério da Cultura. Ano 5. 15 de agosto de 2000.

64 BAHL,Miguel Legados étnicos na cidade de Curitiba: opção para a diversificação da oferta turística local. Dissertação de mestrado p 26

65 O restaurante no shopping já foi fechado.

66 SIMON-NAHUM, Perrine. “Ser judeu na França”. In: ÁRIES, Philippe; DUBY, Georges. História da Vida privada. Vol.5. São Paulo: cia. Das Letras, 1992. p.467.

67 Op. cit. P. 465.

68 Boletim Informativo. Arquivo Histórico Judaico Brasileiro. Ano V. número 22. Maio 2001

69 Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo.