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Livros, o melhor é ter acesso
Hubert Alquéres. Gazeta Mercantil. InvestNews
janeiro/2006
 
20 de Janeiro de 2006 - No Brasil, o universo de leitores é pequeno: apenas 17 milhões dos 170 milhões de brasileiros lêem pelo menos um livro por ano. Essa escassez de leitores produz um círculo vicioso: o livro é caro porque o universo de leitores é pequeno, e esse universo é pequeno porque o livro é caro.
O bibliófilo José Mindlin costuma sugerir uma das providências necessárias para ampliar o número de leitores no Brasil: "É preciso democratizar o acesso ao livro e o melhor meio é aumentar consideravelmente o número de bibliotecas públicas, que, aliás, deveriam funcionar à noite e nos finais de semana". Concordo plenamente. Além dos acervos precários ou dos horários restritos das bibliotecas públicas existentes, há mais de mil municípios brasileiros sem sequer uma biblioteca, impedindo o acesso gratuito ao livro a cerca de 14 milhões de pessoas.

Mas o número restrito de bibliotecas públicas não é o único entrave ao crescimento do universo de leitores. A rede limitada de livrarias representa outro obstáculo. Segundo dados da Câmara Brasileira do Livro, há no Brasil 700 livrarias, quando o ideal seria algo em torno de 10 mil. Pior: o número de pontos-de-venda está concentrado nas regiões Sul e Sudeste, que respondem por 58% dos compradores de livros.

Uma política mais abrangente para o mercado editorial brasileiro deve contemplar financiamentos para a pesquisa e edição de livros, objetivando exemplares mais baratos; abertura de bibliotecas; campanhas públicas permanentes de estímulo à leitura; e, principalmente, ações ininterruptas para formar os agentes mediadores da leitura - os professores e bibliotecários.

É fundamental priorizar a formação de leitores, sobretudo, entre os jovens estudantes, que não raramente são apresentados ao rico mundo da Literatura de maneira impositiva e inadequada. Governos, editoras, distribuidoras, livrarias e autores devem unir esforços em torno de uma ampla política nacional de incentivo à leitura. Além das bienais e de experiências como a Jornada de Passo Fundo, devem merecer uma atenção especial as iniciativas voltadas para os professores, hoje raras. Sem informação, formação e familiaridade com os livros, muitos professores, que deveriam estimular o jovem aluno a viajar pelo mundo dos livros com prazer, acabam transformando a leitura em tarefa enfadonha e tortuosa. O melhor exemplo é o que acontece com nosso mais universal e magnífico autor, Machado de Assis, incompreendido por um batalhão cada vez maior de estudantes levados a descobrir sua rica literatura sem qualquer preparo, muitas vezes por imposições de quem sequer conhece sua obra.

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